terça-feira, 28 de setembro de 2010

Parabéns, Sebá!



Hoje no
sso anfitrião completa 32 anos de vida e obviamente não poderíamos deixar a data passar em branco. Ele nem nos conhecia, sabia que éramos apenas duas malucas (em suas próprias palavras) e, em um mês que ficamos em Luanda, foi nosso guia, ajudou com entrevistas e foi, claro, muito entrevistado. “Fiquem à vontade, se quiserem a biografia agora ou depois, vocês que sabem”, disse quando chegamos. Resolvemos subir para o quarto - recém pintado para nos receber - e descansar. Essa foi a segunda vez que recebeu estudantes brasileiras. Sara Manera, jornalista baiana, esteve lá em 2007 e foi quem nos colocou em contato com ele.

Com o passar dos dias fomos descobrindo sua biografia e sua maneira de ver o mundo realmente valem a pena ser contadas. Sebá morou na Rússia e na Argélia quando o pai, que trabalhava como motorista no governo angolano, se mudou a trabalho. Fala francês, russo e inglês fluentes, já trabalhou como segurança e outros bicos, hoje é designer. Começou em 1999, na Link, empresa do publicitário e fotógrafo brasileiro Sérgio Guerra, quando a única coisa que sabia fazer era desenhar. Há três anos montou seu Laboratório Multimídia, onde desenvolve projetos gráficos e em vídeo nos seus Macintosh.

A generosidade dele ficou evidente quando nos disse antes mesmo de chegarmos a Angola: "Não faço serviços de hotelaria, vocês são minhas convidadas". Mas essa generosidade era mais sutil, não menor, quando nos segurava pelo pulso para atravessar as ruas loucas de Luanda. Um irmão-pai que nos ligava para saber se estávamos bem e ficava preocupado se demorávamos. Sua generosidade ensinava em dobro, quando depois de virar a noite trabalhando em um projeto, ele sentava e nos falava histórias da sua vida e de Angola. Contou com detalhes envolventes como estava no meio da rua quando houve um conflito armado no centro de Luanda em 92; que ele foi uma criança se metia em brigas e tinha poucos amigos na escola da Rússia, difícil de imaginar isso num sorriso que transmite muita tranquilidade.

Sebá tem planos vir ao Brasil o quanto antes para fazer cursos na sua área – que não demore muito! – e também de mandar sua família para morar aqui ou na Namíbia, países que considera mais tranquilos. Ele quer vir, mas só de passagem. Sente saudades do seu país quando ainda está a caminho do aeroporto, mas também não quer perder a fase de novas oportunidades pela qual o país passa: “Alguém tem ficar aqui para ganhar dinheiro”.

Talvez sem querer, Sebá nos ensinou tanto de Angola ao nos deixar entrar um pouco na sua vida e nos permitir ver a dificuldade e a frieza com que é preciso lutar para viver lá. Mas também nos mostrou um orgulho de quem conhece sua força. Com serenidade, ele critica a realidade e certas tradições, mas nunca despreza seu país.

Vida longa, Sebá!

Jú e Jô


Foto: Primeiro brigadeiro que Sebá provou, com leite condensado (Moça, da Nestlé) comprado em Luanda.


Desenho: Jú aos 30 anos. Crédito: Sebalopdel

domingo, 12 de setembro de 2010

Paradas de sucesso nas candongas

Duas letras que não saem de nossas cabeças. As músicas falam muito do cotidiano de Luanda e fazem sentir saudades de pegar candonga com o som no último volume.










Juliana

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Cardápio em Angola

Uma das perguntas que mais nos fazem sobre Angola é o que comíamos lá.

Pois bem, come-se bastante arroz e feijão, mas o feijão é branco e cozido com óleo de palma (como chamam o azeite de dendê). No início achei gostoso, mas logo foi enjoando, porque é pesado e, para mim, só dá para comer de vez em quando mesmo.

A grande estrela da culinária angolana é o funje. É um prato simples: água e farinha de bombo (mandioca/aipim) ou de milho e podem dizer que é um pirão. Só que não é feito em um pratinho ou em uma panelinha. As mulheres sentam no chão e mexem aquele panelão por um bom tempo até que fique no ponto. A impressão que dá é que tem uma goma junto.

Eu já tinha provado funje em uma festa angolana aqui no Brasil, antes de ir para Angola, e não gostei, nem desgostei. Lá, minha primeira experiência foi em um restaurante à quilo, um dos únicos de lá e com preço razoável. Coloquei um punhado com arroz, salada e frango ensopado, mas não gostei e deixei de canto.

Depois me disseram que não se come funje com arroz. “Não combina!”, insistia Sebá. Acho que essa não é a preocupação dele, mas no aspecto nutricional seria exagero mesmo comer os dois, já que ambos são fontes de carboidrato.

A graça do funje está molho que colocamos por cima, geralmente de peixe. Depois, nosso amigo Kota 50 me explicou que não se mastiga o funje e sim engole direto direto. Foi uma sensação engraçada, mas mesmo assim nãoficou delicioso para mim.

Em uma festa provei o calulu de peixe. É como um patê, com couve bem picadinha e com peixe tudo picadinho.

Comem muita muita mandioca, batata doce, alimentos que temos no brasil. mas que, pelo menos aqui em Floripa, não observo as pessoas consumirem sempre.

Na rua vendem mandioca e banana assada. Também tem várias senhoras com umas churasqueirinhas a assar coxas de frango e fritar ovos. No meio da muvuca,vão preparando e colocando de canto, até que venham os clientes. Mas não provamos nada que era vendido na rua, a não ser frutas das zungueiras.


Provamos o delicioso peixe assado na Chicala, região famosa pelos pratos que são servidos lá. Foi uma recomendação que nos fizeram antes de chegarmos a Luanda e que fomos conhecer. Peixe com farinha e um mollho de cebola para acompanhar. Simples e delicioso.

Confesso que também comemos Bob’s. Muito mais caro que aqui. Uma lanche completo sai cerca de US$ 16,00 (quase 30 reais!). É menos gostoso que aqui, para quem gosta de fast-food. Lá não tem Mac Donalds, então o colonialismo culinário norte-americano vem via franquia brasileira. E confesso que o milkshake de Ovomaltine me fez lembrar de casa.

Joana Neitsch