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Hoje nosso anfitrião completa 32 anos de vida e obviamente não poderíamos deixar a data passar em branco. Ele nem nos conhecia, sabia que éramos apenas duas malucas (em suas próprias palavras) e, em um mês que ficamos em Luanda, foi nosso guia, ajudou com entrevistas e foi, claro, muito entrevistado. “Fiquem à vontade, se quiserem a biografia agora ou depois, vocês que sabem”, disse quando chegamos. Resolvemos subir para o quarto - recém pintado para nos receber - e descansar. Essa foi a segunda vez que recebeu estudantes brasileiras. Sara Manera, jornalista baiana, esteve lá em 2007 e foi quem nos colocou em contato com ele.
Com o passar dos dias fomos descobrindo sua biografia e sua maneira de ver o mundo realmente valem a pena ser contadas. Sebá morou na Rússia e na Argélia quando o pai, que trabalhava como motorista no governo angolano, se mudou a trabalho. Fala francês, russo e inglês fluentes, já trabalhou como segurança e outros bicos, hoje é designer. Começou em 1999, na Link, empresa do publicitário e fotógrafo brasileiro Sérgio Guerra, quando a única coisa que sabia fazer era desenhar. Há três anos montou seu Laboratório Multimídia, onde desenvolve projetos gráficos e em vídeo nos seus Macintosh.
A generosidade dele ficou evidente quando nos disse antes mesmo de chegarmos a Angola: "Não faço serviços

Sebá tem planos vir ao Brasil o quanto antes para fazer cursos na sua área – que não demore muito! – e também de mandar sua família para morar aqui ou na Namíbia, países que considera mais tranquilos. Ele quer vir, mas só de passagem. Sente saudades do seu país quando ainda está a caminho do aeroporto, mas também não quer perder a fase de novas oportunidades pela qual o país passa: “Alguém tem ficar aqui para ganhar dinheiro”.
Talvez sem querer, Sebá nos ensinou tanto de Angola ao nos deixar entrar um pouco na sua vida e nos permitir ver a dificuldade e a frieza com que é preciso lutar para viver lá. Mas também nos mostrou um orgulho de quem conhece sua força. Com serenidade, ele critica a realidade e certas tradições, mas nunca despreza seu país.
Vida longa, Sebá!
Jú e Jô
Foto: Primeiro brigadeiro que Sebá provou, com leite condensado (Moça, da Nestlé) comprado em Luanda.
Desenho: Jú aos 30 anos. Crédito: Sebalopdel